Encontros Imediatos - Parte II

quinta-feira, julho 26, 2007

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Ora quem diria, hein? O Barros por aqui! Há quanto tempo não o via! Faz, quê? Uns 9 – 10 anos? Talvez… Grandes tempos, aqueles! Noitadas, copos, mulheres… bela vida aquela! Poucas preocupações. Grandes estroinas que nós éramos. Ninguém nos segurava! Laura nem sonha metade do que eu fazia… Xiiii! Se ela soubesse… mesmo agora, era capaz de se zangar a sério comigo. Não estávamos casados, mas já namorávamos, o que na cabecinha louca dela é tudo a mesma coisa! Já na altura tinha uns ciúmes danados cá do “Je” que não era brinquedo! Não percebe que um homem tem de viver essas coisas antes de se casar! Bem, e porque não depois de casar? Um homem não é de ferro, chiça! Que saudades! Não tinha metade das preocupações de agora. Não aturava o Nunes lá no escritório – aquele fodinhas – que me massacra o juízo com os seus caprichos de chefe ronhoso. Não havia objectivos mensais e anuais a cumprir. Só vida boa pela frente! E Gajas..! Nisso o Barros sempre teve olho e jeito. Arranjava sempre mulherões de se tirar o chapéu! Como aquela morena, linda de morrer, boa como o milho com quem ele se “pavoneou” literalmente no ultimo semestre da faculdade! Como era mesmo o nome dela? Elsa? Não, espera! Elisa! Isso, era Elisa! Que mulher! Obra abençoada por todos os santos milagreiros…! Mas esta que vem hoje com ele, não é nada de se deitar fora, não senhor! É daquelas que nos comem com os olhos! E que olhos! E aquele gingar… ui, ui! Enche as medidas de qualquer um! Por falar em mulher, a Laura está a demorar que se farta! Pensei que ela conhecesse o Barros, mas é claro que não! Se bem que, por momentos, fiquei com a sensação que se conheciam, mas não! Devo ter falado dele vagamente, quando estudávamos na faculdade, mas nunca se encontraram frente a frente. Se a Laura sonhasse que andava com tal companhia cortava-me os guizos com toda a certeza…! E então se soubesse da missa a metade… Como daquela vez em que partilhamos o quarto de motel com várias garinas…! Já não me lembro o número ao certo, umas 3 ou 4, creio. Também, depois de tanto charro e whisky quem se lembraria? Eram mãos e corpos por todo o lado…! Eh, eh… Que noite aquela! E a Laura que nunca mais vem da casa de banho! Não tarda nada o pedido vem para a mesa e ela ainda lá enfiada! Que mania essa das mulheres! Tirem-lhes as casas de banho nos locais públicos e a vida delas acaba! Com que então, noiva? Sim, senhor! Bela mulher! Quem diria, o Barros de casamento marcado… toca a todos. Agora é que ele vai ver o que é bom para a tosse! Aposto que ela vai controlá-lo até à medula (esta sabe da raça que ele é – vê-se bem que aquela sabe mais que a irmã Lúcia e o Papa juntos…!) Há-de pô-lo de rédea bem curta e de gatas. Se bem que eu não me importava de ser controlado por uma coisinha daquelas! Deve ser puro fogo! Deixava-me esturricar de bom grado e ainda pedia mais! Mas então, a Laura onde se meteu? Ando cada vez mais farto! Um dia passo-me e vai tudo raso, oh se vai! Tantos anos a aturá-la, merecia já uma estátua em minha homenagem! Não fosse as voltas com a Teresa do Aprovisionamento e já tinha morrido de tédio. Não que seja nada de especial, mas sempre é carne fresca e para quem come do mesmo prato há anos sabe sempre bem mudar de ementa!

Amizade e Amor no Dia Internacional do Homem

domingo, julho 15, 2007

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Geralmente, quando falamos de amizade instintivamente distinguimo-la do amor. Quase como a expressão “pão, pão; queijo, queijo” – ou uma coisa, ou outra. Há de facto pessoas, pelas quais sentimos “apenas” amizade e há outras, raríssimas excepções devo admitir, em que felizmente o amor coexiste com a amizade, apetrechando-a duma resistência maior, face às provações que vão aparecendo ao longo da nossa existência.
Aliado ao facto de 15 de Julho ser o dia Internacional do Homem, quero prestar uma pequena sincera homenagem a dois homens muito especiais por quem, para além da amizade, tenho um enorme amor e carinho.
Não, nada disso! Não há qualquer semelhança, ainda que remota, com a canção do Marco Paulo “Eu Tenho Dois Amores”. Nenhum deles é rival do outro, nem tenho qualquer preocupação nem necessidade em distinguir de quem gosto mais e por qual motivo.
Não sou particularmente adepta dos dias Internacionais, ou Mundiais, ou Nacionais de… Como alguém já disse, esses dias soam a um pedido de desculpa: “esqueci-me de ti todo o ano, mas olha estou a lembrar-me hoje!”. Não será este o caso. Ambos sabem o quanto gosto deles e já o afirmei em variadíssimas vezes e para além das palavras sabem que podem contar comigo. E se há o dia da Mulher, concordo plenamente que haja o dia do Homem.
A discriminação do Homem existe e é geneticamente auto-infligida. Infelizmente, para eles e também para nós mulheres, os homens vivem em média menos tempo, têm mais probabilidades de sofrerem de doenças incapacitantes e se às mulheres as hormonas descontroladas fazem ir do riso às lágrimas em questão de segundos, o que convenhamos é perfeitamente inofensivo para integridade de terceiros, aos homens as hormonas aos saltos fazem com que coloquem as suas vidas e a dos outros em situações de altíssimo perigo. Adoram ser os “Senhores da Guerra” (felizmente, não todos!), e poder verificar se o seu nível de testosterona é mais alto que o “inimigo do lado”. Sei do que falo, por duas vezes vi-me envolvida em estúpidas rixas, as quais não provoquei, uma delas com uma faca de ponta e mola apontada ao estômago, apenas porque os meus acompanhantes masculinos decidiram fazer figura de “macho” e aceitar a provocação de outros “machos”, dando início a ridículas “brigas de galos”, cujas consequências poderiam ter sido nefastas para qualquer dos envolvidos.
Bom, mas voltando aos meus homenageados, talvez por serem tão especiais raramente falo deles. Poucas pessoas sabem da sua existência e aquelas que sabem são pouquíssimas as que verdadeiramente conhecem o destaque que eles têm na minha vida. Um deles é tão só o meu mais antigo amigo, aquele que vem já da adolescência. Aquele que me conhece como a palma da mão. Viveu sempre longe de mim, raramente nos encontramos face a face, mas sabemos que estamos ambos à distância dum telefonema ou duma conversa no Messenger, caso precisemos de confidenciar, de rir, de contar problemas mais ou menos graves, de nos amparar. Somos hiper protectores um com o outro, já nos metemos em sérios problemas e criamos antagonismos difíceis de gerir para defender o outro. Temos uma promessa em conjunto que cumpriremos na nossa velhice, daquelas coisas que, por ser tão louca, apenas se fazem quando já ninguém pensará estarmos no nosso juízo perfeito devido ao avançado da idade. Muito provavelmente seremos compulsivamente internados num lar de 3ª idade imediatamente a seguir, mas isso é apenas um ligeiríssimo pormenor. Não raras vezes dá-me ânimo, protege-me, acarinha-me, escuta-me, põe o dedo na ferida se necessário, com ele não há paninhos quentes e é mestre a identificar problemas e pormenores que eu inadvertidamente ou propositadamente deixei escapar. É franco e rude se necessário, não é de meios-termos e borrifa-se para consensos se achar que tem razão.
Com o segundo homenageado, o mais natural seria nunca termos passado dos primeiros contactos coloquiais, tal a má impressão que fiquei de início. Tomei-o por presunçoso, arrogante e superficial. Felizmente, tive oportunidade de o conhecer melhor e de corrigir a minha opinião. Debaixo daquele ar “I’m so cool, babe!” esconde-se uma enorme sensibilidade, avessa às luzes e inquieta, à procura de justificativas sempre que é inadvertidamente exposta, como se tivesse sido apanhada em contramão. Por vezes, parece não prestar uma atenção especial aos assuntos que falamos, no entanto, algum tempo depois, verifico não só estava atentíssimo como entretanto empenhou-se pessoalmente em alterar uma situação desfavorável ou em concretizar algo pelo qual eu tinha demonstrado interesse. Até nas alturas em que qualquer um se sentiria seduzido a ser menos verdadeiro, ele foi sempre honesto, mesmo que aparentemente isso o prejudicasse. Tenho por ele uma admiração enorme quer pelas suas qualidades pessoais, quer pelas suas qualidades profissionais. Adoro o seu humor “non sense” e o jeito como procura animar-me quando estou em baixo. Possui uma atitude positiva perante os desafios e acredita sinceramente em mim e nas minhas capacidades (por vezes, mais do eu). Tem uma resistência à adversidade fora do comum, dificilmente se queixa das situações desfavoráveis e só depois de ultrapassadas consegue dar-se permissão para falar delas. Tem uma capacidade de perseverança e de luta admiráveis. Existe entre nós uma comunicação instintiva, quase a raiar a telepatia, o que facilita a compreensão que um tem do outro. Com ele, tenho sempre a sensação inexplicável mas tão reconfortante de regresso a casa após uma longa e extenuante viagem!
Em ambos os casos sinto um orgulho enorme e um imenso privilégio em tê-los como amigos. Ambos modificaram de forma intencional e positiva a minha vida. Só posso estar eternamente agradecida por existirem!