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quarta-feira, outubro 24, 2007

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O olhar mal disfarça a vontade. Ilumina-se de escuro brilho quente, suave veludo. Perceptível no ar. Palpável à superfície da pele entorpecida pelo desejo. Nenhum ainda o confessou em sussurradas palavras, mas sabem-no já intuitivamente. Sentem-no em cada célula. Em cada ínfima partícula. Tão certo como haver marés nos oceanos. Tão certo como a energia sexual que os atrai como um poderoso íman. Aspiram compassadamente o seu intenso almiscarado odor em cada suspirada lufada de ar. Poderiam até divagar o tempo que lhes resta em antagónicas palavras desprendidas. Soltas no espaço sem nexo. Presa a cada, uma única mensagem subliminar descodificada em Morse encheria o espaço em redor de vários beeps num significado absoluto e inquestionável: EU DESEJO-TE (beep beep beep beeeeep *espaço* beeeeep beep beep beep beep beep beep beep beep beeeeep beeeeep beeeeep beeeeep beeeeep beeeeep beeeeep beep *espaço*). Retardam o simples toque (uma mão que repousa no ombro ou que se apoia na longitude do braço) num acto puro de masoquismo sádico, gerador exponencial da tensão física de ambos em velocidade uniformemente acelerada. Ambicionam à exaustão o beijo prolongado, ardente, canibal. Depositário de cumplicidades, murmúrios e volúpia. Explorador de carne e tesão. Antecipam os abraços de ávidas mãos sedentas, devorando em ânsia cada polegada de pele. Sôfrega em ser descravizada da incontrolável torrente subterrânea que inebria os sentidos, num compulsivo enlace dos corpos evaporados em fogo vulcânico. Incansável busca do prazer no prazer do outro. Saciando-se somente no prazer do outro. Da entrega do outro. Entregando-se ao outro. A redenção total na rendição. Viciante. Pleno. Grandioso. Vontade de mais, de muito mais. Pede-se mais. Suplica-se por mais. Dá-se mais. E mais. E mais. Tem-se mais. E mais. E mais. E mais. E mais. E mais. E…