Have you ever thought about me the way I am?

segunda-feira, setembro 01, 2008

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Estou tão cansada. Esvai-se o ténue fio de energia que ainda me mantém a funcionar em modo automático. Não consigo mais. Só penso em desistir. Há várias semanas não durmo mais de 2 horas seguidas. Cada fibra muscular apresenta um estado preocupante de cansaço. Dói-me o corpo como se tivesse participado na mais desgastante das maratonas. Um cansaço de morte. Tudo vem à memória desordenadamente. Prazos a cumprir e não consigo escrever uma única frase com nexo. Nada na minha vida faz sentido. Não me apetece continuar. Não tenho mais vontade. Esforço-me mas em vão. Não consigo. Vá, vai ser desta que a coisa sai como queres. Vamos lá. Só mais um pouco e chegas lá. Ensaio com os dedos sobre as teclas imitando a concentração inspirada de pianista em início de concerto. É no silêncio que te procuro. Mas que raio estou para aqui a escrever? Não… Na verdade já não te procuro mais. Tão pouco no silêncio. Quebrou-se algo de tão sagrado cá dentro. Nem sei bem o quê. Nem sei bem onde. Algures cá dentro, há algo de diferente. Não consigo discernir com exactidão. Estou exausta. E o livro por acabar. O amor por ti ainda cá mora. Sinto-o. Mas não me parece mais o mesmo. Como se observasse uma estrela pulsando à distância de muitos anos-luz. Sabemos que existe algures. Vemos o seu brilho, mas não nos consegue aquecer. Não entendo. Como se pode continuar a amar alguém e ser-nos indiferente que a morte se cruze connosco a qualquer instante, quando antes, antes só a ideia de não te poder ver mais, de não te sentir, ou de não partilhar contigo o acto mais insignificante da minha vida me deixaria em pânico? Não pela morte em si, mas por significar o nosso definitivo afastamento. Não sei o que se passa comigo. Os primeiros sintomas desta estranha incapacitante doença apareceram durante a viagem de Londres para cá. Imaginei o que sentiria se o avião tivesse uma súbita perda de altitude e estivesse eminente despenhar-se no solo ou no mar. Tenho pavor andar de avião. São sempre viagens tensas, pressurizadas em ataques sérios de ansiedade. Mas, dessa vez… Nada. Era-me indiferente se morresse naquele momento. Nada de que me arrependesse. Nada que me fizesse querer pedir prorrogação de prazo da minha vida. Nem a vontade de te dizer uma última vez eu amo-te. Para quê? Foi palavra que deixou de fazer sentido. Definitivamente algo aconteceu. Algo quebrou aqui. Não sei o quê. Estou diferente.

U2
"who's gonna ride your wild horses"