Déjà Vu

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

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Meu coração, por fim, desacelerou.
O teu odor preso aos lençóis passou a ser tão-somente um simples perfume caro.
Não é mais o teu cheiro deslizando caramelizado na minha pele.
Já não se mescla em fragrância única à barata água colónia limonada com que disfarço a monotonia dos meus dias de classe média. Nem as minhas roupas “Made in China” se entrelaçam mais em volúptia nas tuas camisolas “Made in Italy”. Tornamo-nos água e azeite que se afloram à superfície mas eternamente condenados a não se fundir. Teremos sido sempre assim e eu não vi. Tão crédula, não acreditei que pudesse ser apenas isso. Roupas estatutariamente diferentes, largadas à pressa em cima do sofá em minutos contados ao segundo, de quem procura desfazer-se com urgência do prazer imediato. Mea Culpa, Mea Maxima Culpa. Não pensei que aconteceria também connosco. E porque haveria de ser de outra forma? Em nada diferentes de outros homens e outras mulheres que matam a vontade em tempo cronometrado.
Apenas o meu desejo de ir mais além.
Finalmente, meu coração parou.
Não bate mais pelo teu perfume da moda.
Poderia ser uma bênção, mas não é.
Dói cá dentro como um sufoco angustiado e nem sei porquê.
Finalmente entendi o que somos.
Melhor,
o que não somos.
Muita pretensão minha imaginar mais além.
Uma vez mais o destino cumpriu-se.
Agora entendi.

resolução (tardia) de ano novo

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

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Dou-te toda a razão.
Não há espaço para conversas lamechas, esquartejando sentimentos e modos de ser, dissecando procedimentos, escarafunchando até à medula dos problemas – os porquês! - são tantos e tão variados porquês… porquê, porquê, porquê… até ao infinito elevado a n+1 porquês, que nós mulheres tanto gostamos de usar com a espécie masculina.
Acabou, não mais!
Concordo contigo.
Não há pachorra!
Tens toda a razão!
Não dá para aguentar.
Decidi proceder como os homens tão bem fazem.
(Meu Deus, tenho tanto a aprender com eles!)
Bem mais simples, tão mais prático!
A partir de agora, não amo mais ninguém. Apenas uso
Quando me cansar do brinquedo eu jogo fora.
Manter laços de afecto está fora de moda. It's not cool.
Os homens estão certos! Tanta luta em busca de compromisso afectivo! Para quê, se todos podemos ser livres e egoístas e desligados dos outros?
Dá tanto trabalho o amor!
Porquê insistir?
Não, a partir de agora não vou seduzir ninguém. Somente fixar objectivos.
Vários de cada vez. Tanto homem por aí em busca do mesmo, não será difícil.
E sempre dará para as quebras.
Não faço mais amor.
Apenas fodo.
Se eles passam a vida a comparar e a gabar o que possuem entre pernas, nós mulheres só temos de acreditar que aquilo é MESMO o melhor que eles têm a oferecer. E aproveitar…!
Oh, baby, baby you were simply the best! Now I have to check if someone’s dick is better... Sorry, your time ran out... Next!
E se algum deles, picado pelo mosquito sentimentaloide, vier lamuriar para cima de mim, eu descarto.
Estou fora. Estou noutra. Não quero saber.
Que me desampare a loja…
É para o lado que durmo melhor!
Este ano, estou decidida a tudo aprender com os homens!