Encontros Imediatos - Parte IV

domingo, junho 01, 2008

2 Comentários

- Vieste o caminho todo tão silenciosa! Sentes-te melhor?
- Sim, amor. Obrigada por perguntares.
- Pareces também mais tranquila. Estás a ver, fez-te bem irmos beber um copo com o Barros e a Isabel!
- Achas?
- Sim, estás com outro ar! Mais sereno, talvez.
- É provável. Ter bebido um pouco também ajudou. Acabei por relaxar. Aquele bar é simpático. Tranquilo. Boa música. De que falaram vocês?
- Quem?
- Tu e a noiva do Barros…
- Nós…?
- Sim, querido. Enquanto fui à casa de banho. Quando cheguei estavam só vocês os dois na mesa. O Barros deve também ter ido à casa de banho, entretanto… De que falaram vocês?
- Ah… nada de importante! Banalidades! O costume! Onde nasceu, onde mora, como conheceu o Barros, esse género de coisas…
- E…?
- E o quê?
- Onde nasceu...? Onde mora…? Como o conheceu…?
- Ah…! Parece-me que disse ser de Portalegre, ou de perto, não sei bem. Mora aqui no Porto, disse-me o local mas não fixei bem. Sabes como sou com nomes de ruas, para mim são todas iguais… Creio que morou alguns anos em Lisboa antes de vir para cá. Conheceu-o no Egipto, mas isso já tu sabes, estavam instalados no mesmo hotel, fizeram as mesmas excursões, etc, etc, etc, e acabaram juntos, voilá!
- Bom, vou deitar-me. Estou a cair de sono, amor.
- Sim, vai. Eu também já vou. Estou só acabar este whisky e já me deito também.
- Não demores então!
- Não, não me demoro!

Que interrogatório…chiça! Terá desconfiado de alguma coisa…? Não! Claro que não! Se desconfiasse teria feito uma peixarada de todo o tamanho! A Laura não é mulher de deixar passar deslizes em branco. Mas não fomos apanhados por uma unha negra! Deus do Céu! Aquela Isabel é louca! Ainda sinto a língua dela a escaldar no meu ouvido avançando por aí fora como se não houvesse amanhã… fico todo arrepiado só de me lembrar! E ali, em pleno bar… A Laura enfiada mais uma vez na casa de banho, provavelmente com outro achaque - o raio da mulher agora dá-lhe para isto, são chiliques atrás de chiliques – então se me encosto a ela à espera que me caia alguma coisa em sorte, vem-me logo com o mesmo de sempre, querido hoje não, que me dói a cabeça… muita dor de cabeça tem ela! À outra, à Isabel, bastou o Barros ausentar-se da mesa que a menina não foi de rodeios… viu, quis, pegou! Ainda bem que nem a Laura nem o Barros se aperceberam nada! Havia de ser cá um 31... Nem estou ainda bem em mim! Fiquei sem reacção… nem quis acreditar quando senti uma mão a insinuar-se pelo meio das coxas até ao… até aí mesmo! Sem mais delongas! Alguém ficou bem mais longo ali mesmo isso é certo! Parece que ainda tenho o recheio daquele decote pressionando-se contra o meu braço. E o perfume dela..? É de enlouquecer qualquer um! De certeza, devo ter sonhado e ainda não acordei! Onde será que meti o bilhete com o nº. de telemóvel dela? Tenho de o gravar no meu telemóvel e destruir o papel antes que a Laura o apanhe por aí à solta…