Déjà Vu

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Meu coração, por fim, desacelerou.
O teu odor preso aos lençóis passou a ser tão-somente um simples perfume caro.
Não é mais o teu cheiro deslizando caramelizado na minha pele.
Já não se mescla em fragrância única à barata água colónia limonada com que disfarço a monotonia dos meus dias de classe média. Nem as minhas roupas “Made in China” se entrelaçam mais em volúptia nas tuas camisolas “Made in Italy”. Tornamo-nos água e azeite que se afloram à superfície mas eternamente condenados a não se fundir. Teremos sido sempre assim e eu não vi. Tão crédula, não acreditei que pudesse ser apenas isso. Roupas estatutariamente diferentes, largadas à pressa em cima do sofá em minutos contados ao segundo, de quem procura desfazer-se com urgência do prazer imediato. Mea Culpa, Mea Maxima Culpa. Não pensei que aconteceria também connosco. E porque haveria de ser de outra forma? Em nada diferentes de outros homens e outras mulheres que matam a vontade em tempo cronometrado.
Apenas o meu desejo de ir mais além.
Finalmente, meu coração parou.
Não bate mais pelo teu perfume da moda.
Poderia ser uma bênção, mas não é.
Dói cá dentro como um sufoco angustiado e nem sei porquê.
Finalmente entendi o que somos.
Melhor,
o que não somos.
Muita pretensão minha imaginar mais além.
Uma vez mais o destino cumpriu-se.
Agora entendi.

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