15 de Setembro

quarta-feira, setembro 12, 2007

Quis a Divina Providência, ou o mero acaso que eu tivesse nascido a 15 de Setembro. Desconfio que tenha sido mesmo o mero acaso, porque a Divina Providência descartou-se imediatamente de qualquer responsabilidade à data da minha concepção, não fossem os meus pais apresentarem qualquer reclamação à posteriori e querem devolver-me à procedência (como todos sabem ainda não são emitidas Certificações de Qualidade para recém-nascidos e eu sou o perfeito exemplo acabado da imperfeição).
Gosto particularmente deste dia, por ser o dia do meu aniversário é claro, mas também por ser a meio do mês (diz-se que é no meio que está a virtude… embora andem por aí umas virtudes no meio melhores que outras… digo eu…) e por Setembro pertencer ainda à estação mais quente do ano, sem no entanto apresentar as temperaturas tórridas de Julho e Agosto. Gosto de temperatura quente q.b. mas não tolero bem ambientes escaldantes (bom, em abono da verdade, depende do ambiente escaldante e principalmente da companhia que o proporciona… nesse caso, quanto maior a canícula melhor… digo eu, também…).
Os meus pais estiveram para não ter filha primogénita (se na altura teriam encarado mal esse facto, hoje, passados estes anos todos e sabendo o que sabem, tenho cá para mim que teriam considerado uma bênção). Segundo relatos da minha mãe, nasci sem sinais vitais consistentes devido a horas prolongadíssimas de parto sem assistência apropriada, com alguma negligência por parte do pessoal médico da maternidade Júlio Dinis, que por ser o primeiro parto da minha mãe, acharam que a coisa iria demorar e abandonaram-na literalmente à sua sorte no corredor horas a fio, contorcendo-se de dores. Como devia ter visto a luz do dia aos primeiros raios de sol da manhã, mas só consegui por fim nascer às 3,30 h da tarde, apresentei-me a este mundo com uma coloração de pele chiquérrima, que ainda hoje aprecio imenso – azul púrpura (mais comummente conhecida por “roxo” - fiquem a saber que é a cor da moda para a próxima estação, qualquer coisa que comprem tem de ser púrpura, não se esqueçam!), o que só demonstra o meu elevado sentido estético desde tenra idade. Diz também a minha mãe que não chorei ao nascer devido ao meu estado semi-comatoso, mas para mim era já uma assertiva demonstração da minha paciente e abnegada personalidade Yin face às adversidades e contrariedades do meio (ou então estava a fingir-me de morta mesmo, na vã esperança de se esquecerem de mim a um canto, quando me dei conta ao que é que vinha – santa inocência - meus amigos, esta vida não é fácil e enganar-se assim um ser tão desprotegido devia ser proibido e dar direito a compensações financeiras elevadíssimas pelos traumas sofridos!). Isso valeu-me vários dias dentro duma incubadora onde os médicos tentaram disfarçar a borrada que cometeram (aparentemente até conseguiram esse propósito e deixaram-me com um ar superficialmente normal), mas temo que o futuro brilhante como investigadora científica ou como avalizada engenheira das altíssimas finanças, traçado nos mais auspiciosos horóscopos natais para a minha pessoa, tenha ficado nesse dia definitivamente comprometido por essa grave falha de oxigénio no meu pequeno e inocente cérebro, situação essa que até hoje ainda não foi aquilatada convenientemente e suspeito ser ela a responsável pelas “ouras” que de quando em vez me passam pelas vistinhas, principalmente quando certos elementos do sexo masculino desfilam à minha frente (é uma condição deveras constrangedora e causadora de grandes incómodos, posso-vos assegurar, é que se não são os pequenos a segurar-me, estatelo-me redonda no chão!). Já para não falar nas inequívocas falhas de memória sobre certos assuntos inconvenientes. É impressionante como se me varre tudo da memória ficando esta mais branca que lençol lavado com Xau (será que ainda vou a tempo de pedir uma choruda indemnização à maternidade…?).
Bom, apesar dos defeitos de fabrico, cá me consegui aguentar nesta selva até à data e já que tenho de cá andar que seja por muito tempo. Embora acredite na teoria da reencarnação, vá que Budha se enganou nos cálculos e só temos uma única oportunidade de fazermos figuras tristes neste planeta ou noutro qualquer, o melhor é aproveitar o máximo de tempo possível e continuar a fazer figuras tristes por muitos e longos anos… digo eu…!

P.S. – 15 de Setembro é o Dia Europeu das Doenças da Próstata. Com 365 dias para escolherem, tinha logo que ser o dia do meu aniversário, chiça! Pronto, ok! Antes esse que o Dia Europeu ou Mundial das Doenças Venéreas! Então para os meus leitores (masculinos apenas, os femininos estão excluídos deste dia, ok?) os que ainda têm próstata, queiram fazer a finesse de consultar estes sites aqui:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Maleana_int.png

http://www.apurologia.pt/eventos/prostata2007.htm

E façam o favor de se cuidar, ok?

4 Comentários:

Yashmeen disse...

Gírissimo, este post...

Se não falarmos nesse dia, os meus parabéns!

Vera Isabel disse...

eu acho que o meu calha no dia da incontinência urinária e da memória do holocausto! que combinação!!!

Anónimo disse...

Ns falamos, mas vai aqui também: Parabéns!
Felicidades hoje e nos outros dias também.
Beijos.

Anónimo disse...

Feliz Aniversário. Desculpa o atraso!
Beijinhos