Hoje Não Estou

terça-feira, setembro 12, 2006

Hoje não estou. Parti para parte incerta, algures entre a inquieta ânsia e a letárgica tristeza. Estava tão feliz…! Acreditava ter conseguido iludir a existência insípida e castrante, ainda que por breves instantes, mas enganei-me. Era apenas a frágil e sumária paz que antecede as longas tortuosas batalhas. Fio ténue, tão delicado de trégua que teima em não me abandonar à loucura. Quero estar só. Preparar-me para o momento, antever o provir e aguardar a investida final. Esperar… Esperar… Esperar…! Nesse agitado silêncio expectante, antecipando o minuto zero da contagem decrescente. Desejei tanto que não fosse (mais uma vez!) assim. Não estou para ti. Deixei que o tempo, memórias apressadas pontilhadas de fugaz felicidade, se escapasse entre os dedos incrédulos, achando que poderia reconstruir uma e outra vez o momento exacto, perfeito. Muita ingenuidade minha! Uma vez guerreira, guerreira toda a vida, mesmo que o corpo dorido implore a paz, mesmo que o espírito se exorcize pela paz. Porque assim será! Sempre!

9 Comentários:

Anónimo disse...

Eu estou aqui, sempre que precisares.
Beijinhos

Anónimo disse...

Todos temos dias assim, de ausência, de vontade de não querer ver ou falar com quer que seja. São fases, felizmente, passageiras...
Bj

Anónimo disse...

Momentos introspectivos são importantes.
Mas um momento na Bahia seria uma recarga de energias ampla, total e irrestrita, topas?

Anónimo disse...

Bem disseste-me que o tempo nem sempre é aquilo que esperamos,pois pelos vistos preparavas-te para o momento, mas em poucos minutos por essa toda ansiedade em tentar iludir o momento exacto e perfeito, escapou-te talvez porque o tempo não foi aquilo que esperavas que fosse..

bjinhos.

Lilith disse...

Marcos,
Nem sempre o que escrevo reflecte o meu "momento" presente, nem situações que tenha vivido (felizmente, nunca fui vítima de violência fisica doméstica, no entanto já escrevi sobre isso). Daí o fascínio da escrita: o podermos colocar em palavras as nossas emoções e as dos outros, quer tenhamos ou não sentido realmente. Fernando Pessoa já dizia:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm."
Beijinhos

Yashmeen disse...

Um dia. Virá o dia.

Anónimo disse...

Quando dizia que em poucos minutos por essa toda ansiedade em tentar iludir o momento exacto e perfeito, escapou-te talvez porque o tempo não foi aquilo que esperavas que fosse,..Não quis dizer que tenhas sofrido algo ou coisa parecida.Eu simplesmente segui o raciocínio(do dito poeta fingidor),e como sabes que a escrita foi feita mesmo para nascermos no mesmo ambiente e sofrermos as mesmas provas sejam quais forem, dependendo do tema abordado pelo poeta.

PS: Como a noite e o dia, duas posições opostas dividem o mundo.

bjos.

João Lisboa disse...

Hoje não estou!
Parti. Fui embora. Dei férias à vida!
Volto depois, mais logo talvez. Amanhã quem sabe. Deixem-me em Paz!!!
Bjs

Anónimo disse...

... Mas estou eu, ou seja acabo de chegar não de parte incerta mas nas asas do sonho de qualquer simples mortal, agarrado à crina do fiel Pégaso. E se solitário, vagueio, por galáxias incertas e mundos inóspitos, regresso à Terra sedento de descanso e de me perder no labirinto da vida.
Todas as noites recordo rostos amigos e rotinas diárias. Todos os dias marco metas a almejo chegar ao topo da montanha... e de vez enquando perco-me a meio do caminho com textos fantásticos,... como os que vou encontrando por aqui.
Parabéns e os maiores éxitos para a publicação do seu livro.