Estereótipos

sexta-feira, agosto 25, 2006

Que nós, portugueses, não nos temos em boa consideração, é público. Referimo-nos a nós próprios como um povo triste, pessimista, sempre descrente do futuro. A nossa desgraça é sempre maior do que a do vizinho, mesmo que o desgraçado não tenha onde cair morto e se, pelo contrário, a vida lhe sorri, não falta quem faça conjecturas sobre a proveniência do dinheiro, pois “nós que trabalhamos de sol a sol, mal dá para pagar as contas, como é que ele consegue ter casa, carro e ainda ir passar as férias a Ferragudo?” Já nem falo em férias no Brasil ou outro local ainda mais longínquo, porque então o falatório dá para um ano inteiro! “É dinheiro “sujo” – só pode ser!”
Que o povo brasileiro não saiba muito sobre a nossa cultura é também do conhecimento geral. O intercâmbio sempre favoreceu o Brasil. Todos os nomes dos artistas brasileiros de importância relevante são sobejamente conhecidos por cá, respeitados e acarinhados. Infelizmente, o contrário não se verifica.
Mas é de mais, que no Brasil, na opinião maioritária, sejamos conhecidos como pessoas burras, preguiçosas, donas de padarias e que gostam de bacalhau e de Fado!
Minha amiga Gabi que me desculpe, pois não a incluo neste lote. Já falamos sobre isso algumas vezes e fico feliz em perceber que as diferenças culturais estão presentes, mas que as semelhanças também são muitas e ainda mais feliz fico em lhe dar a conhecer um país e uma cultura que, para além dos estereótipos mais que ultrapassados, teima em não chegar intacta à maior comunidade do mundo lusófono.
Desmistificando: eu, portuguesa de gema, nunca gostei de bacalhau (pronto, é embirração com o bicho – no Natal lá faço o sacrifício de comer o dito cujo, pago a peso de ouro pela mãe Dina, para evitar ser excomungada logo na Véspera de Natal e ficar arredada da distribuição dos presentes!).
Fado, ouço algum. Amália, amada e venerada pelo mundo, as novas vozes da Mariza, premiada internacionalmente, Ana Moura, recentemente convidada pelos Rolling Stones a gravar algumas faixas para o novo álbum dessa banda e, claro, o inimitável Camané.
Padaria, nunca tive e não consta que algum parente meu tenha tido, apesar de ser viciada em hidratos de carbono e devorar qualquer tipo, desde o pão de mistura até ao “molete” tradicional (para os lisboetas aí vai a tradução: “papo seco”).
Mas a pior parte de engolir é a de “burra” e “preguiçosa”! Não sou o supra sumo da inteligência, mas daí a ser considerada de burra, vai um passo enorme. E preguiçosa até que adoraria ser, se tivesse tempo para isso. Infelizmente estou longe da ociosidade! Mas, mais importante que o meu exemplo, são os inúmeros “crânios” portugueses que dão cartas, actualmente, na investigação, na literatura, na medicina, na robótica, no desporto e em todos os sectores mais variados que consigamos imaginar. Somos um povo que nos podemos orgulhar da nossa história (e não somente do futebol), de sempre querermos chegar mais longe, não nos contentando com a exiguidade territorial do nosso minúsculo país. Talvez por isso, sejamos tão receptivos a outras culturas!

6 Comentários:

oromo disse...

Pois bem! esteriotipagem é um problema que dificilmente se irá ultrapassar na sociedade dos humanos,seja onde for e não so depende ao facto de sermos de culturas diferentes.Pela minha opinião o povo português é muito conservador em certos aspectos,e não só há inúmeros factores os quais alguns repercurtiram-se em alguns paises lusófonos.Excepção do brasil que para além da colonização portuguesa,houve sempre uma fusão de culturas, que dum lado foi positivo e do outro não!...
Ao falares na opinião maioritária, ao facto de serem conhecidos como pessoas burras, preguiçosas,
donas de padarias;..fez me lembrar na minha aula de Marketing :o meu professor disse:que em portugal quando um tem a ideia de abrir um café e tem bom lucro,um outro vê e faz o mesmo,porque viu que dá muito dinheiro, é o caso das padarias,numa unica avenida encontra no mínimo 5 ou até mais...
Portanto vamos agir, e que os nossos gestos,acções e maneiras das expressões exteriores duma vida, sejam a encarnação dos melhores sentimentos e das mais nobres ideias.: do jeito que está esta sociedade,é preciso ter ideias próprias só desta maneira tb seremos bem reconhecidos seja onde for.

Ps:esta é a minha breve opinião sobre esteriotipagem tendo em consideração que existem inúmeros factores..
mas gostei da realidade texto.

Anónimo disse...

Você é minha ídola. Esse post está magnífico!
Portugueses são o 2º povo mais maravilhoso do mundo, só perdem para os brasileiros. Mas isso se explica, o filho (país-colonizado) conseguiu ficar melhor que o pai (país-colonizador). Mas pra que acerto de contas, se os laços que unem os 2 países são extremamente fortes?! Apenas pra constatar que os opostos se atraem e os iguais se completam e tanto Portugal, quanto o Brasil são, dentre outras coisas, países receptivos a novas culturas.

Anónimo disse...

Para além de tudo que bem descreves sobre estereótipo gostava de acrescentar o facto de sermos um povo que vive, muitas vezes, do desenrascanso e de tudo resolver no último momento. Talvez esta nossa tão peculiar forma de estar também não nos favoreça aos olhos de outros povos mas daí a dizer que somos "burros e preguiçosos", isso nunca!
Porque não conseguimos as condições que julgamos dignas no nosso país, somos um povo emigrante. Também julgo que está no nosso sangue esta nossa vontade de conhecer mundo, o que também justifica este nosso êxodo para o mundo inteiro.
O que é certo é que vamos fazer os serviços que os locais tantas vezes não querem, não aceito pois o rótulo de "preguiçosos"; também é um facto que muitos conseguem sucesso total nesta vida de emigrante, por isso não somos "burros".
Muito mais poderia dizer em defesa de milhões de portugueses que sempre partiram por esse mundo mas mais muito mais poderia ser dito sobre aqueles que nunca sairam e, apesar de tudo, têm feito deste país um local onde se pode e dá gosto viver, e que de "preguiçosos e burros" pouco temos, um pouco trapalhões e despreocupados isso sim!

Anónimo disse...

Bom eu posso atestar que você é burra sim pelo fato de querer generalizar 185 milhões de brasileiros, você os conhece todos para dizer o que cada um pensa? Creio que não. Eu poderia também dar uma de burro baseado neste seu artigo preconceituso dizer que todo português é um racista asqueroso, porém, não o farei porque sei que existem portugueses simpáticos e amistosos em Portugal, apesar de serem a minoria. Quanto a sua alegação que o Brasil só é bom no futebol ao contrário de Portugal que teria "inúmeros crânios portugueses que dão cartas" sugiro que procure nas listas dos maiores cientistas, escritores, médicos, arquitetos etc... do mundo quantos são brasileiros e quanto são portugueses, creio que sua arrogância irá rapidamente por água a baixo. E só pra constar pro povinho preconceitusos de Portugal, domingo passado o Brasil se tornou hexacampeão do mundo no voleibol e Felipe Massa venceu o grande prêmio da Turquia tornando-se no sexto brasileiro a conquistar o pódium máximo da Fórmula 1 e não foi preciso que todos os outros competidores abandonassem a prova como ocorreu com um tal de Tiago [b]Vagaroso[/b] da Costa Monteiro.

Lilith disse...

Meu Caro Leonardo,

Do seu comentário, apenas posso tirar 2 conclusões: ou você não entende português ou então o burro aqui é você! Não vou esgrimir argumentos com quem não os entende, pois suspeito que o meu Caro Leonardo sofre de ILITERACIA (caso não saiba o que significa, aconselho que vá procurar a um dicionário). Mas, mesmo assim, desafio-o a demonstrar em que parte do texto eu insulto ou ridicularizo (ou teço considerações menos abonatórias) sobre o povo brasileiro, em que parte do texto eu afirmo que brasileiro só sabe jogar futebol. No entanto, deixe-me felicitá-lo porque é uma enorme proeza da sua parte, dos 11 milhões de portugueses que existem, tê-los conhecido a todos, para que possa emitir um juizo de valor sobre nós ("existem portugueses simpáticos e amistosos em Portugal, apesar de serem a minoria" palavras textuais suas). É realmente um feito assinalável! Quanto aos 185 milhões de brasileiros serem inteligentes ou não, apenas me posso pronunciar no seu caso, porque a isso se prestou: o meu Caro Leonardo é burro como um tamanco, dito em bom português!

Yashmeen disse...

O problema dos brasileiros é terem herdado os tiques mais irritantes dos americanos: esta surdez em relação ao mundo e esta arrogância generalizada. Do Brasil, só gosto da literatura; pena é que grande parte dos brasileiros desconheçam a Clarice Lispector, o Machado de Assis, a Lygia Fagundes Telles... enfim, pena é que grande parte dos brasileiros tenham tão pouca cultura, tão pouca visão para além do samba e do Carnaval e se preocupem tanto com o corpo e com as novelas... mas devo ser eu que sou uma racista asquerosa, como diz essa pérola intelectual do Leonardo. Mea culpa (querido, significa "minha culpa" nessa língua magna chamada latim... não, o português não nasceu do espanhol, como se diz por aí...)